As pessoas afetadas por uma doença oncológica podem experienciar diversos sintomas ou doenças ligeiras no decorrer do seu tratamento. Existem nas farmácias diversos medicamentos, que podem ser adquiridos sem receita médica, e que proporcionam alívio em situações como dores (cabeça, musculares, menstruais, etc.) ou infeções respiratórias ligeiras, como as vulgares constipações. Estes medicamentos são eficazes e seguros, na grande maioria das situações.

Os diferentes tipos de cancro são tratados com medicamentos muito diversos, quer injetáveis, quer orais, que podem causar diferentes reações adversas e interagir  com outros medicamentos. Deste modo, é necessária precaução com a toma simultânea de outros medicamentos, mesmo os que não requerem receita médica, vitaminas, suplementos alimentares ou produtos à base de plantas.

Os medicamentos para alívio das dores contêm geralmente paracetamol e/ou substâncias globalmente denominadas anti-inflamatórios não-esteroides (AINE) e nas quais se incluem o ácido acetilsalicílico, o ibuprofeno, o naproxeno, o diclofenac, entre outros.

Os AINE são amplamente utilizados no alívio de dores de diversas causas. Porém, a toma simultânea com alguns medicamentos para o tratamento do cancro pode aumentar a sua toxicidade. Por outro lado, os tratamentos contra o cancro causam frequentemente alterações sanguíneas, nomeadamente uma diminuição do número de plaquetas (trombocitopenia), que auxiliam na coagulação do sangue, aumentando o risco de hemorragias. Os AINE, particularmente o ácido acetilsalicílico, reduzem a atividade das plaquetas, contribuindo para um maior risco de hemorragia caso estas estejam diminuídas.

O paracetamol é geralmente considerado o analgésico de eleição. Contudo, quando utilizado em quantidades excessivas, ou com outros medicamentos que aumentam os seus níveis no sangue, pode causar danos no fígado. Alguns medicamentos utilizados no tratamento do cancro podem também ter efeitos danosos no fígado, ou causarem o aumento dos níveis de paracetamol no organismo, contribuindo para os seus efeitos adversos.

Tendo em conta estes riscos potenciais, a utilização de analgésicos para alívio destas situações comuns deverá ser feita após aconselhamento com o seu médico ou farmacêutico, de modo a certificar-se de que a sua toma não acarreta riscos adicionais para a sua saúde.

As infeções respiratórias ligeiras, onde se incluem as vulgares constipações, são causadas por vírus e manifestam-se com sintomas caraterísticos, entre os quais se incluem obstrução e corrimento nasal, febre, dores de cabeça, de garganta e musculares. O alívio destes sintomas é frequentemente procurado mediante a toma de medicamentos não sujeitos a receita médica, que muitas vezes contêm associações de várias substâncias ativas, entre as quais analgésicos, como o paracetamol e/ou AINE, já referidos, mas também descongestionantes nasais, anti-histamínicos, vitamina C, entre outros.

O paracetamol é o medicamento geralmente mais seguro para aliviar dores e febre associadas a estas situações. Contudo, a toma de analgésicos por doentes em tratamento contra o cancro pode acarretar riscos e deve ser feita com precaução e após aconselhamento com o seu médico ou farmacêutico. Adicionalmente, é importante verificar a composição de todos os medicamentos que esteja a tomar, uma vez que o paracetamol está presente em muitas formulações, de modo a evitar o risco de tomar uma dose excessiva.

O seu farmacêutico poderá também aconselhar algumas medidas que podem ajudar a aliviar os sintomas, como ingerir bebidas quentes, chupar rebuçados e fazer lavagens nasais com soro fisiológico.

O tratamento contra o cancro pode reduzir a capacidade de o organismo evitar o desenvolvimento de infeções, uma vez que pode afetar a resposta do sistema imunitário e reduzir o número de glóbulos brancos presentes no sangue. Estes são muito importantes no combate às infeções causadas por microrganismos como bactérias, vírus ou fungos. Antes de iniciar o tratamento, o seu médico pode recomendar que receba algumas vacinas que diminuem o risco de desenvolver uma infeção grave. Além disso, é importante que um doente em tratamento contra o cancro evite o contacto próximo com pessoas doentes e mantenha cuidados de higiene rigorosos, como a lavagem das mãos.

Alguns medicamentos utilizados no tratamento do cancro podem causar reações adversas que são semelhantes aos sintomas de uma constipação, denominados sintomas de tipo gripal. O seu médico e o seu farmacêutico podem ajudar a confirmar se os seus sintomas poderão ser devidos ao tratamento, qual a melhor forma de os gerir, quais os cuidados que deve ter e os sinais a que deve estar atento.