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Medicamentos para o tratamento da hipertensão arterial

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10 Dezembro 2024
Medicamentos para o tratamento da hipertensão arterial
A hipertensão arterial é uma doença crónica, caracterizada por níveis de pressão arterial permanentemente elevados, o que pode causar, a longo prazo, danos irreversíveis nos vasos sanguíneos, obrigando o coração a um maior esforço para conseguir que o sangue circule por todo o corpo. 

Se não tratada, a hipertensão pode originar complicações como doença renal, perda de visão, enfarte do miocárdio, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral, pelo que é fundamental o seu diagnóstico precoce e tratamento apropriado.

Para além de alterações nos hábitos de vida, como a prática regular de exercício físico, manutenção de um peso corporal saudável, cessação do consumo de tabaco, e uma alimentação equilibrada, com baixo teor em sal e gorduras, a maioria das pessoas que vive com hipertensão pode necessitar de tomar um ou mais medicamentos para conseguir controlar adequadamente os seus valores de pressão arterial.

Em que consiste o tratamento farmacológico da hipertensão arterial?

Existem vários medicamentos disponíveis para o tratamento da hipertensão arterial, conhecidos como anti-hipertensores, sob a forma de comprimidos, que requerem uma ou mais tomas diárias. A resposta aos medicamentos varia de pessoa para pessoa, e pode levar um período de tempo considerável até que o médico consiga determinar qual o medicamento certo e a dose adequada para reduzir eficazmente a pressão arterial e manter níveis adequados, com o mínimo de efeitos secundários. 

Apesar de, na maioria dos casos, os medicamentos utilizados para o tratamento da hipertensão serem bem tolerados, tal como todos os fármacos, podem causar alguns efeitos adversos. Estes dependem do medicamento administrado, da sua dose, entre outros fatores. Alguns destes efeitos resultam de uma redução repentina da pressão arterial, e, portanto, podem ser desencadeados por qualquer classe de anti-hipertensor. São exemplos tonturas, sonolência, vertigens ou sensação de cansaço. Os efeitos adversos geralmente desaparecem depois de algumas semanas, após o corpo se adaptar aos novos valores de pressão arterial.

Existem diversas classes de medicamentos utilizadas para o tratamento da hipertensão, que atuam de maneira diferente, com o intuito de diminuir os valores de pressão arterial.
    • Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA). Estes fármacos bloqueiam a produção de uma hormona chamada angiontensina II, responsável por causar estreitamento dos vasos sanguíneos e, consequentemente, aumento da pressão arterial. Ao diminuir a produção desta hormona, os IECA, permitem que ocorra dilatação dos vasos sanguíneos, reduzindo os valores de pressão arterial e melhorando o débito cardíaco. Alguns dos medicamentos pertencentes a esta classe, comercializados em Portugal incluem, o captopril, o enalapril, o lisinopril, o perindopril e o ramipril.
Em algumas pessoas, os IECA podem causar tosse seca persistente, que é reversível quando a medicação é interrompida. Alguns efeitos secundários menos comuns incluem sensação de boca seca, náuseas, erupção cutânea e dor muscular. 
    • Antagonistas dos recetores da angiotensina II (ARA). Atuam através do bloqueio dos efeitos da angiotensina II nas células do coração e vasos sanguíneos. À semelhança dos IECA, promovem a vasodilatação, reduzindo a pressão arterial e melhorando o débito cardíaco. Fazem parte desta classe os fármacos o candesartan, o irbesartan, o losartan, o olmesartan, o telmisartan e o valsartan. Algumas pessoas que tomam ARA podem experienciar dores de cabeça, náuseas e sensação de boca seca.
    • Bloqueadores da entrada do cálcio. Reduzem a quantidade de cálcio que entra nas células do músculo cardíaco e das paredes dos vasos sanguíneos, que é essencial para que estas células se contraiam. Assim, ocorre um relaxamento muscular, resultando na dilatação dos vasos sanguíneos, permitindo uma redução da pressão arterial, e na diminuição da força exercida pelo coração para bombear o sangue pelo organismo. São exemplos a amlodipina, a felodipina, a nifedipina, o diltiazem e o verapamilo. Os efeitos secundários variam de acordo com o medicamento específico. Alguns podem causar dores de cabeça, rubor, náusea, edema dos tornozelos, obstipação ou palpitações.
    • Bloqueadores beta. Atuam através do bloqueio de alguns efeitos que o sistema nervoso exerce sobre o sistema cardiovascular, diminuindo a frequência e a força com que o coração bombeia o sangue. Os bloqueadores beta podem exacerbar os sintomas da asma, ou de outras doenças pulmonares, pelo que, normalmente, a sua toma não se encontra aconselhada em pessoas com estas patologias. Adicionalmente, os bloqueadores beta também podem causar fadiga, insónia, sonhos vívidos, mãos e pés frios e diminuição do ritmo cardíaco. São exemplos, o atenolol, o bisoprolol, o metoprolol, o nebivolol, e o propranolol.
    • Diuréticos. Aumentam a excreção de água e sal pelos rins, o que reduz o volume de fluido em circulação nos vasos sanguíneos, diminuindo a pressão arterial. A classe de diuréticos mais comummente utilizada no tratamento da hipertensão arterial é a dos tiazídicos, como por exemplo a clorotalidona, a hidroclorotiazida e a indapamida. Um efeito secundário comum dos diuréticos é o aumento da micção. Os diuréticos desta classe podem reduzir os níveis de potássio no organismo, o que pode causar fraqueza e cãibras musculares. Um bom equilíbrio dos níveis deste eletrólito no corpo é fundamental para ajudar o coração a bater corretamente. Caso os valores de potássio se apresentem baixos, poderá ser prescrito um diurético que não cause eliminação de potássio, como a espironolactona, a amilorida e o triamtereno.
    • Bloqueadores beta e alfa. Esta classe de fármacos atua tanto no coração, reduzindo a frequência dos batimentos e a força da contração, como nos vasos sanguíneos, promovendo a vasodilatação. São exemplos o carvedilol e o labetalol, este último utilizado, no nosso país, somente em meio hospitalar.
    • Agonistas alfa-2 centrais. Atuam em recetores existentes no sistema nervoso central, bloqueando a transmissão de sinais que causam aumento da frequência cardíaca e o estreitamento dos vasos sanguíneos. Isto diminui a resistência que o sangue encontra ao circular nos vasos sanguíneos, resultando na diminuição da pressão arterial. Fazem parte deste grupo de medicamentos a clonidina, a moxonidina, a metildopa e a rilmenidina. Os seus efeitos secundários incluem secura da boca, diminuição do ritmo cardíaco, tonturas e sonolência.
    • Associações de anti-hipertensores. Por vezes, quando a pressão arterial apresenta valores muito elevados, ou a toma de um único medicamento não é suficiente para um controlo adequado, o médico pode optar por combinar dois ou mais medicamentos orais com diferentes mecanismos de ação, de modo a alcançar os valores de pressão arterial pretendidos. Existem no mercado associações fixas de duas substâncias diferentes no mesmo comprimido, com o intuito de facilitar a toma, diminuindo o risco de esquecimentos.
Como saber qual o medicamento mais adequado para mim?

O seu médico irá ter em consideração na escolha do anti-hipertensor mais adequado para si diversos fatores, como a sua idade, a existência ou não de outras doenças, o grau da hipertensão e potenciais interações e efeitos secundários do medicamento.

Alguns medicamentos anti-hipertensores encontram-se particularmente indicados para certas condições, como é o caso dos bloqueadores beta, que são recomendados para pessoas com insuficiência cardíaca ou com história de enfarte. Por outro lado, também existem anti-hipertensores que não estão recomendados em determinados grupos de pessoas, como o uso de IECA e ARA em mulheres grávidas. 

É, assim, fundamental mencionar aos profissionais de saúde quaisquer condições clínicas de que padeça, alergias, e outros medicamentos, suplementos alimentares e produtos à base de plantas que se encontre a tomar, para que possa ser selecionado de forma correta e segura o medicamento mais adequado para si. 

Tome o seu anti-hipertensor exatamente como o seu médico ou farmacêutico lhe recomendou. Nunca pare de tomar o seu medicamento sem falar primeiro com um profissional de saúde. A hipertensão é uma doença silenciosa, que requer uma vigilância contínua e um tratamento prolongado, ou mesmo vitalício, pelo que mesmo que se sinta bem não deve parar de tomar os medicamentos. A interrupção abrupta da medicação pode resultar num agravamento da sua condição de saúde.

É ainda muito importante, enquanto toma a sua medicação, continuar a cumprir com hábitos de vida saudáveis e uma alimentação equilibrada, com baixa ingestão de sal, uma vez que estas constituem medidas complementares essenciais para manter a sua pressão arterial controlada.


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