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O ácido acetilsalicílico diminui o risco de tromboembolismo venoso em viajantes?

  • Breves Questões Terapêuticas
24 Setembro 2019
O ácido acetilsalicílico diminui o risco de tromboembolismo venoso em viajantes?
 
  • As viagens de longo curso causam um pequeno aumento no risco de tromboembolismo venoso em doentes com fatores predisponentes prévios.
  • O ácido acetilsalicílico não se mostrou eficaz na diminuição do risco de ocorrência de tromboembolismo venoso.
  • Podem ser adequadas outras medidas de prevenção em doentes em risco elevado.

As viagens de longa duração, quer ocorram por ar ou por terra, acarretam um pequeno aumento no risco de desenvolver tromboembolismo venoso (TEV).1,2 Este risco parece ser superior nas primeiras duas semanas após a viagem, voltando ao normal oito semanas após.1

A maioria dos indivíduos com TEV associado a uma viagem possuem um ou mais dos fatores de risco geralmente associados ao desenvolvimento de TEV,1,2 apesar de existirem casos idiopáticos isolados.1 Estes fatores de risco incluem: TEV prévio, cirurgia recente, cancro, toma de medicamentos contendo estrogénios, obesidade,1-3 veias varicosas,2,3 gravidez e trombofilia hereditária.1,3 Entre os fatores contribuintes para o TEV associado a viagens aéreas inclui-se a estase venosa devido à imobilidade e, teoricamente, a desidratação e o consumo de álcool,1 estes últimos sem evidência conclusiva.2

Os indivíduos saudáveis, sem fatores de risco, possuem um risco de desenvolver TEV na sequência de viagens aéreas prolongadas semelhante ao da população em geral. Os viajantes com fatores de risco, contudo, têm um risco aumentado de TEV, risco esse que depende da importância dos fatores de risco e da duração da viagem.3

Têm sido sugeridas medidas farmacológicas para prevenção da ocorrência de TEV em viajantes aéreos de longo curso, nomeadamente o ácido acetilsalicílico (AAS). Contudo, não existe atualmente evidência de que a toma de AAS por ocasião de uma viagem aérea diminua o risco de ocorrência de TEV.1-3

As medidas gerais que têm sido sugeridas para prevenção do TEV associado a viagens longas são a deambulação frequente,1,2 a cada uma a duas horas; efetuar frequentemente a flexão e extensão dos tornozelos e dos joelhos; evitar fatores que possam promover a imobilidade e a desidratação – sedativos, consumo excessivo de álcool.1

Em doentes com risco elevado de desenvolver TEV em consequência de uma viagem aérea recomenda-se a utilização de meias de compressão graduada,1-3 até ao joelho, com uma pressão de 15-30 mmHg ao nível do tornozelo.3 Em casos individuais com risco particularmente elevado, em que a profilaxia farmacológica esteja indicada, esta deve ser efetuada com anticoagulantes, como heparinas de baixo peso molecular, ao invés de antiagregantes plaquetares, como o AAS.2,3


Referências bibliográficas


1. Pai M, Douketis JD. Prevention of venous thromboembolism in adult travelers. UpToDate®, Wolters Kluwer, topic last updated: Aug 29, 2019 [acedido a 23-09-2019]. Disponível em: http://www.uptodate.com 
2. Watson HG, Baglin TP. Guidelines on travel-related venous thrombosis. Br J Haematol. 2010 [acedido a 23-09-2019]; 152: 31-4. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1365-2141.2010.08408.x
3. Philbrick JT, Shumate R, Siadaty MS, Becker DM. Air travel and venous thromboembolism: a systematic review. J Gen Intern Med. 2007 [acedido a 23-09-2019]; 22(1): 107-14. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1824715/pdf/11606_2006_Article_16.pdf