O magnésio é eficaz no alívio das cãibras?

O magnésio desempenha um papel importante na função muscular, o que levou ao seu uso na prevenção de cãibras musculares. Os ensaios efetuados não comprovam a eficácia do magnésio para alívio das cãibras, particularmente noturnas. Existe fraca evidência de benefício em grávidas, sendo necessários mais estudos.

As cãibras são contrações musculares súbitas, palpáveis, dolorosas e involuntárias que podem durar segundos ou minutos. Podem ser causadas por algumas patologias, mas geralmente ocorrem sem relação com qualquer doença óbvia, sendo mais frequentes em idosos, grávidas e em praticantes de exercício vigoroso. Nos idosos e nas grávidas ocorrem muitas vezes durante períodos prolongados de inatividade, como durante o sono.1

O magnésio desempenha um papel importante na função muscular e em muitas reações metabólicas.  A sua deficiência causa excitabilidade neuronal e aumento da transmissão neuromuscular2 o que, juntamente com a sua eficácia na prevenção de convulsões relacionadas com a eclâmpsia, levou alguns autores a sugerir um papel benéfico do magnésio nas cãibras musculares,1,2 ao reduzir a excitabilidade neuromuscular.1 Os sais que têm sido utilizados são essencialmente o citrato, o lactato e o óxido.3

A eficácia dos sais de magnésio na prevenção das cãibras foi avaliada em duas revisões sistemáticas,1,2 uma especificamente relativa às cãibras noturnas.2 Em ambos os trabalhos, o resultado da avaliação mostrou que é improvável que o magnésio proporcione benefício na prevenção de cãibras em idosos e na população geral havendo, contudo, fraca evidência de eventual benefício em grávidas, sendo necessários estudos adicionais.1,2

Um ensaio clínico mais recente, aleatorizado, com dupla ocultação e controlado por placebo, que avaliou o uso de um sal de magnésio (óxido) na redução da frequência de cãibras noturnas não encontrou eficácia superior ao placebo.4

Na ausência de provas sólidas, há quem recomende a abordagem de efetuar suplementação com magnésio durante uma semana e, caso não se observe efeito favorável, o uso deve ser interrompido; caso de verifique benefício, poderá justificar-se prosseguir o tratamento durante pelo menos 4 semanas.3 

Referências bibliográficas:

1. Garrison SR, Allan GM, Sekhon RK, Musini VM, Khan KM. Magnesium for skeletal muscle cramps. Cochrane Database Syst Rev. 2012 [acedido a 18-12-2018]; (9): CD009402. Disponível em: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD009402.pub2/epdf/standard
2. Sebo P, Cerutti B, Haller DM. Effect of magnesium therapy on nocturnal leg cramps: a systematic review of randomized controlled trials with meta-analysis using simulations. Fam Pract. 2014; 31(1): 7-19. 
3. Crampes musculaires: la quinine toujours à déconseiller, le magnésium n’est pas à recommender. Folia Pharmacother. 2018 [acedido a 18-12-2018]; 45(4). Disponível em: http://www.cbip.be/fr/articles/2892.pdf?folia=2882&version=long
4. Roguin Maor N, Alperin M, Shturman E, Khairaldeen H, Friedman M, Karkabi K, Milman U. Effect of Magnesium Oxide Supplementation on Nocturnal Leg Cramps: A Randomized Clinical Trial. JAMA Intern Med. 2017 [acedido a 18-12-2018]; 177(5): 617-623. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5818780/?report=printable