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Os anti-inflamatórios diminuem a eficácia dos dispositivos intrauterinos?

  • Breves Questões Terapêuticas
20 Agosto 2020
Os anti-inflamatórios diminuem a eficácia dos dispositivos intrauterinos?

  • Os dispositivos intrauterinos (DIU) são métodos de contraceção eficazes.
  • A toma de anti-inflamatórios foi associada a falhas contracetivas de DIU contendo cobre.
  • A evidência atual não suporta a existência de interação.

Os DIU, contendo cobre ou progestagénio, constituem métodos de contraceção eficazes e seguros.1,2 A sua eficácia contracetiva deve-se a efeitos pré e pós fertilização; contudo, atuam predominantemente ao impedir a fecundação.2,3 O mecanismo de ação primário do DIU de cobre é a prevenção da fertilização devido à indução, pelo cobre, de uma reação inflamatória citotóxica, que é espermicida;1 a concentração de cobre atingida no muco cervical inibe a mobilidade dos espermatozoides e causa alterações endometriais.1,3

Na sequência de relatos de gravidezes indesejadas, alguns autores levantaram a suspeita de que os anti-inflamatórios não-esteroides (AINE), o ácido acetilsalicílico (AAS) e os corticosteroides poderiam diminuir a eficácia contracetiva dos DIU contendo cobre, por diminuição da reação inflamatória local.4 Um estudo de caso-controlo concluiu que o AAS e os AINE foram utilizados mais frequentemente por mulheres que engravidaram enquanto utilizavam um DIU de cobre comparativamente às que não engravidaram (diferença somente significativa para o AAS).5 Um outro estudo subsequente, com a mesma estrutura, não encontrou associação entre a toma de quaisquer medicamentos e um risco aumentado de falha contracetiva.6 Não têm existido posteriormente quaisquer relatos de falhas contracetivas relacionadas com estes fármacos.4

A evidência existente não aponta para a necessidade de precaução com o uso de anti-inflamatórios em mulheres portadoras de DIU contendo cobre.2-4 Os AINE são atualmente recomendados no alívio das dores e hemorragia associadas ao uso de DIU.1,3,4 



Referências bibliográficas

1. Kaneshiro B, Aeby T. Long-term safety, efficacy, and patient acceptability of the intrauterine Copper T-380A contraceptive device. Int J Womens Health. 2010 [acedido a 06-08-2020]; 2: 211–220. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2971735/pdf/ijwh-2-211.pdf

2. Dispositifs intra-utérins, alias stérilets. Première partie. Rev Prescrire. 2009; 29(304): 113-9.

3. FSRH Clinical Guideline: Intrauterine Contraception (April 2015, amended September 2019) [acedido a 06-08-2020] Faculty of Sexual and Reproductive Healthcare Clinical Effectiveness Unit. Disponível em: https://www.fsrh.org/standards-and-guidance/documents/ceuguidanceintrauterinecontraception/

4. Baxter K. ed. Stockley’s Drug Interactions, 9th ed. London, The Pharmaceutical Press, 2010.

5. Papiernik E, Rozenbaum H, Amblard P, Dephot N, de Mouzon J. Intra-uterine device failure: relation with drug use. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 1989 [acedido a 06-08-2020]; 32(3): 205–212. Disponível em: https://www.ejog.org/article/0028-2243(89)90037-3/pdf

6. Thonneau P, Almont T, de La Rochebrochard E, Maria B. Risk factors for IUD failure: results of a large multicentre case-control study. Hum Reprod. 2006 [acedido a 06-08-2020]; 21(10): 2612-6. Disponível em: https://doi.org/10.1093/humrep/del208