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Vacinação de doentes oncológicos e dos seus familiares e cuidadores

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05 Junho 2024
Vacinação de doentes oncológicos e dos seus familiares e cuidadores

O sistema imunitário é composto por um conjunto de células, tecidos e órgãos que atuam em conjunto para proteger o corpo contra infeções causadas por diferentes microrganismos.

As vacinas são medicamentos desenvolvidos a partir de agentes infeciosos, como vírus ou bactérias, ou da informação genética neles contida. O objetivo das vacinas é estimular o sistema imunitário a produzir uma resposta (anticorpos) contra uma ou várias doenças infeciosas. A vacinação é, assim, uma das formas mais simples, eficazes e seguras de prevenir diversas doenças transmissíveis.

A vacinação salva milhões de vidas por ano, ao prevenir doenças como a difteria, tétano, tosse convulsa, poliomielite, gripe ou sarampo. Ao vacinar-se, está a proteger-se a si e àqueles que o rodeiam, ao impedir que doenças evitáveis se disseminem na sua comunidade.

As pessoas com cancro podem ser vacinadas?

Os doentes oncológicos apresentam frequentemente um sistema imunitário enfraquecido devido à própria doença e aos seus tratamentos, tornando-os mais suscetíveis a desenvolver infeções graves. As vacinas ajudam a prevenir estas infeções, protegendo contra doenças como a gripe, a pneumonia, entre outras infeções bacterianas e virais. Todavia, para garantir uma vacinação segura do doente oncológico, é necessário ter sempre em consideração diversos fatores como:

      • O tipo de cancro. O próprio cancro pode enfraquecer o sistema imunitário, como por exemplo as leucemias e linfomas;
      • Tratamento oncológico. Alguns tratamentos como a quimioterapia, a imunoterapia e a radioterapia podem debilitar o sistema imunitário; de um modo geral, o momento ideal para a vacinação é antes de iniciar a quimioterapia, a radioterapia, ou a terapêutica com fármacos que afetam o sistema imunitário (imunossupressores);
      • O estado do sistema imunitário da pessoa, bem como o seu estado de saúde geral;
      • A composição da vacina (inativada ou viva).

 As vacinas inativadas, por conterem apenas parte de um vírus ou bactéria morto, são consideradas seguras em indivíduos com o sistema imunitário enfraquecido, pelo que podem, normalmente, ser administradas em qualquer altura; contudo, idealmente, deverão ser administradas até duas semanas antes do início do tratamento, de modo que seja obtido o efeito protetor desejado.  Quando administradas num intervalo de tempo inferior, ou durante a quimioterapia, a resposta imunitária pode ser insuficiente, podendo haver necessidade de revacinação uma vez que o sistema imunitário se restabeleça. Após concluído o tratamento, os doentes deverão aguardar pelo menos três meses até serem vacinados, e seis meses no caso de tratamento com fármacos que causem diminuição de um tipo de glóbulos brancos - os linfócitos B.

Em que situações não é recomendada a administração de vacinas?

Caso o sistema imunitário esteja demasiado enfraquecido, o organismo poderá não ser capaz de desenvolver anticorpos contra o agente infecioso. Nestes casos, os médicos muitas vezes aconselham esperar até que o sistema imunitário esteja mais forte antes de administrar a vacina. Contudo, em algumas situações, quando o risco de infeção é muito elevado, podem aconselhar a que a vacina seja administrada, uma vez que poderá proporcionar alguma proteção.

Algumas vacinas podem ser prejudiciais, nomeadamente, as vacinas vivas atenuadas, que incluem na sua composição uma forma enfraquecida/atenuada do microrganismo vivo (bactéria ou vírus). Em pessoas com sistemas imunitários saudáveis, estas vacinas são geralmente seguras e eficazes. Nos doentes oncológicos, especialmente nos que se encontram sob tratamento de quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia, o enfraquecimento do seu sistema imunitário pode levar a que este não tenha capacidade de combater a versão enfraquecida do agente patogénico presente na vacina, resultando no desenvolvimento de uma infeção ativa. Por este motivo, as vacinas vivas atenuadas são contraindicadas em pessoas com cancro. Também poderá ser necessário, temporariamente, evitar o contacto com outras pessoas que tenham recebido este tipo de vacinas.

No caso de um doente oncológico necessitar de receber uma vacina viva atenuada, esta deverá ser administrada até quatro semanas antes do início da quimioterapia, estando a sua administração contraindicada durante o tratamento.  Os doentes que estejam em programa de vigilância e/ou que tenham completado a sua quimioterapia há pelo menos três meses podem receber vacinas vivas atenuadas. Caso tenham sido tratados com terapêuticas biológicas, deverão aguardar pelo menos 12 (doze) meses até à vacinação.

É, assim, fundamental conhecer quais as vacinas que são seguras para pessoas com o sistema imunitário enfraquecido. Antes de tomar qualquer vacina, converse sempre com o seu médico e farmacêutico sobre o tipo de cancro e tratamento, fatores de risco para contrair uma doença que possa ser prevenida através da vacinação, e qual o melhor momento para tomar a vacina.

Quais são as principais vacinas recomendadas no doente oncológico?


VACINAS CONTRA A GRIPE

A vacinação contra o vírus da gripe com as vacinas inativadas, antes do início da temporada da gripe, é fortemente recomendada nos doentes com cancro, por forma a evitar a infeção e as suas complicações, que podem ser severas e em alguns casos fatais. Todos os anos podem existir diferenças nos vírus da gripe em circulação, pelo que é necessária a revacinação anual.



VACINAS CONTRA A COVID-19
As pessoas cujo sistema imunitário esteja enfraquecido podem desenvolver formas graves, ou mesmo fatais, de COVID-19, pelo que é muito importante a proteção contra esta doença. As vacinas contra a COVID-19 não são vacinas vivas, pelo que são seguras.

Tal como acontece com a gripe, o vírus que causa a COVID-19 pode mudar ao longo do tempo, pelo que a proteção conferida por vacinas anteriormente recebidas pode ser insuficiente, caso uma pessoa seja exposta a uma versão mais recente do vírus. Deste modo, é recomendado um reforço sazonal da vacinação contra a COVID-19.



VACINA PNEUMOCÓCICA
Esta vacina protege contra infeções pneumocócicas. Estas infeções podem levar ao desenvolvimento de doenças como pneumonia (infeção pulmonar), septicemia (infeção generalizada) ou meningite (infeção das membranas protetoras que envolvem o cérebro e a medula espinhal). Existem dois tipos de vacinas pneumocócicas:

      • Vacina pneumocócica polissacarídica
      • Vacina pneumocócica conjugada;

Estas são vacinas inativadas, pelo que ambas podem ser administradas. Idealmente, devem ser administradas pelo menos quatro a seis semanas antes do início da quimioterapia ou radioterapia. Caso não seja possível, podem ser administradas até duas semanas antes do tratamento. Se só for possível a administração após o tratamento, aplicam-se as regras gerais (já referidas). Consulte o seu médico especialista sobre qual a melhor altura para receber a vacina.



VACINAS CONTRA O HERPES ZOSTER
A vacinação contra o herpes zoster, também conhecido por zona, é recomendada em adultos com idade entre 18 e 49 anos com risco elevado de zona, tais como os doentes oncológicos, devendo a decisão de quando vacinar ficar a cargo do médico, de acordo com o estado imunológico do doente. 



OUTRAS VACINAS
É recomendado que o esquema de vacinação esteja em dia nas restantes vacinas indicadas na população em geral, como a vacina contra o tétano e difteria e a vacina contra a hepatite B. Como já anteriormente mencionado, as vacinas vivas atenuadas encontram-se contraindicadas durante o tratamento, como é o caso de certas vacinas recomendadas para viagens internacionais, como a vacina contra a febre amarela, a vacina oral contra a febre tifoide ou a vacina contra a cólera. A vacina meningocócica está recomendada e pode ser administrada.

Os familiares e cuidadores das pessoas com cancro também deverão ser vacinados?

A vacinação dos familiares que habitam e/ou dos cuidadores de uma pessoa com cancro tem um papel fundamental na proteção destes doentes.  As vacinas inativadas podem ser administradas sem contraindicações ou precauções específicas. Deverá ser assegurado que estas pessoas são vacinadas de acordo com o Programa Nacional de Vacinação (PNV) e, nas épocas próprias, com a vacina contra a gripe e contra a COVID-19.

Por outro lado, a administração de vacinas vivas pode exigir precauções especiais. Em geral:

      • As vacinas contra o sarampo, parotidite epidémica (papeira) e rubéola (VASPR), e contra a tuberculose (BCG) podem ser administradas a pessoas que convivem com indivíduos com imunodeficiência;
      • A vacina oral contra a poliomielite viva atenuada, utilizada em outros países, está contraindicada;
      • A vacina contra a varicela pode ser administrada, mas deve-se evitar o contacto próximo com pessoas de alto risco durante seis semanas após a vacinação;
      • A vacina contra o rotavírus pode ser dada a crianças que convivem com pessoas com o sistema imunitário enfraquecido. No entanto, estes deverão evitar prestar cuidados de higiene à criança nas quatro semanas após a vacinação; os conviventes que cuidam da criança devem higienizar as mãos com solução alcoólica a 70% após a muda da fralda.


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