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Relatório da Primavera faz balanço da atividade governativa

11 Julho 2019
Relatório da Primavera faz balanço da atividade governativa
Foi hoje apresentado em Lisboa o Relatório da Primavera 2019, da autoria do Observatório Português do Sistema de Saúde (OPSS). O acesso aos cuidados de saúde primários, à saúde mental, ao tratamento de doenças como a sida e hepatite, bem como ao medicamento e à inovação terapêutica são as principais áreas alvo de análise. “O SNS está bem melhor do que muitos pretendem fazer crer”, dizem os autores, dando como exemplo a evolução dos indicadores de saúde do país. Apresentam, no entanto, várias recomendações para cada uma destas áreas, mas lamentam “o desinteresse dos decisores, que parecem não olhar sequer para propostas/recomendações concretas que anualmente são enunciadas pelos diferentes colaboradores do RP”.

O relatório deste ano coincide com o fim de um ciclo legislativo, procedendo a "um balanço sobre a atividade governativa do setor”, ao lembrar várias medidas e iniciativas adotadas nos últimos quatro anos, bem como reformas que ficaram por concretizar.

Sob coordenação dos investigadores Filipa Duarte-Ramos, Rogério Sá Gaspar, ambos farmacêuticos, Felismina Mendes, Henrique Barros e Pedro Lopes Ferreira, o Relatório da Primavera 2019 contou com a colaboração de outros farmacêuticos e docentes universitários – Fernando Fernandez-Llimos e Teresa Herdeiro, apresentando também uma visão politica sobre a governação em saúde por três especialistas no setor, com posicionamentos ideológicos distintos: Ana Jorge, Cipriano Justo e Fernando Leal da Costa.

O documento aponta a gestão de recursos humanos como um dos principais desafios do Serviço Nacional de Saúde (SNS), referindo a necessidade de "remunerar a qualidade” e recompensar as boas práticas.

No capítulo referente ao medicamento, os autores efetuam uma análise do mercado, das desigualdades geográficas e da introdução da inovação terapêutica. Portugal apresenta-se como um dos países com menor despesa em medicamentos per capita (308 euros), situando-se 26% abaixo do valor da UE (417 euros per capita). Tal como referido na anterior edição do Relatório da Primavera, o nosso país destaca-se dos demais países da OCDE pela redução na despensa em saúde, sobretudo pela via da redução dos encargos com medicamentos.

A despesa com medicamentos nas farmácias comunitárias diminuiu 23,5% nos últimos 8 anos, fruto de sucessivas reduções de preços (preço médio baixou 26,8%). Ao invés da despesa hospitalar, que aumento 17,4% (sem incluir os medicamentos para o tratamento da hepatite C). O mercado hospitalar representa praticamente metade da despensa total do SNS com medicamentos, sendo a este propósito recordada a Estratégia Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde 2016-2020 contempla, aliás, o desenvolvimento de programas que permitam a dispensa de medicamentos hospitalares através da farmácia comunitária

Neste domínio, refere-se o contributo das farmácias na poupança obtida pelo Estado através do aumento da dispensa de genéricos, bem como as políticas de incentivo à sua dispensa e utilização, dando como exemplo a realidade suíça e belga, onde os farmacêuticos recebem um incentivo adicional pela substituição de genéricos, e também em França, onde foi introduzido um mecanismo de pagamento pro desempenho em função das metas de genéricos.

No âmbito das assimetrias geográficas na despesa com medicamento, o trabalho do OPSS apresenta um quadro com a despesa por distrito nos seis grupos terapêuticos que representam quase metade dos encargos com medicamentos do SNS. No geral, observou-se um menor consumo de medicamentos e menor gasto no distrito do Porto. Pelo contrário, maior consumo com valor mais elevado na despesa em municípios da região Centro.

O relatório debruça-se ainda sobre o acesso à inovação terapêutica, reforçando que os "próximos anos serão palco de uma pressão crescente sobre a despesa pública em medicamentos e outras tecnologias inovadoras na saúde, continuando o caminho já percorrido nas áreas dos medicamentos órfãos, terapias avançadas e terapêuticas personalizadas”. Os dados apresentados revelam que nos últimos quatro anos foram aprovadas e comparticipadas 56 novas moléculas, que representaram, em 2018, mais 40 milhões de euros de encargos para o SNS, sendo que só os novos anticoagulantes orais, comparticipados a 69%, representaram um custo anual de 20 milhões de euros.

O documento termina com um conjunto de recomendações para cada uma das áreas em estudo, assegurando que as próximas edições passarão a contar com um follow-up das propostas apresentadas à tutela no ano anterior.

Clique para consultar o Relatório da Primavera 2019.