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Sindicato dos farmacêuticos denuncia falta de condições na farmácia do Hospital de Gaia

01 Agosto 2019
Sindicato dos farmacêuticos denuncia falta de condições na farmácia do Hospital de Gaia
O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) visitou ontem os Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E), situados no antigo Hospital Eduardo Santos Silva, em Gaia, para conhecer as instalações, condições de funcionamento e os recursos técnicos e humanos afetos às atividades da farmácia hospitalar. “Não são uns Serviços Farmacêuticos, são um armazém onde as pessoas se movimentam por entre caixas para tentar desempenhar as suas funções. Não há efetivamente condições para que os profissionais possam desempenhar as suas funções de um modo competente”, disse o presidente do SNF no final da visita.

Em declarações à comunicação social, o dirigente sindical considerou que "há, efetivamente, muito a fazer, muito a mudar” nos Serviços Farmacêuticos do CHNVG/E.

"Não compreendo como é que houve uma inspeção do Infarmed há cerca de quatro anos, em que foram identificadas anomalias graves, e durante estes quatro anos não houve qualquer reinspeção ou qualquer reavaliação para ver se efetivamente as condições tinham mudado”, lembrou. "O que podemos verificar foi que houve em abril uma alteração relativamente à farmácia de ambulatório, que tem novas instalações, mas todo o resto dos serviços farmacêuticos necessita de ser alterado”, revelou ainda.

"Não há hoje em dia razões para que haja serviços farmacêuticos neste país a trabalhar nestas condições”, lamentou o dirigente sindical. "Enquanto os profissionais que trabalham nos serviços farmacêuticos fizerem milagres, não haverá problemas de segurança, mas os milagres não acontecem 365 dias por ano, podem acontecer em 364 e, nessa altura, toda a gente irá ignorar os 364 dias e lembrar o dia 365 em que efetivamente algo falhou”, lembrou o presidente do Sindicado.

De acordo com as informações que o Conselho de Administração transmitiu a este responsável, o hospital vai efetuar alterações ao funcionamento da farmácia no próximo ano. "A perspetiva que nos deram foi de alguma alteração já para 2020. Com a finalização de umas obras que libertarão a área da Urgência, os Serviços Farmacêuticos transitam para essas novas instalações”, explicou.

Embora o Hospital de Gaia seja considerado "um caso extremo”, porque alia a falta de condições físicas à carência de recursos humanos, o presidente do Sindicato sublinha que se trata de "um problema nacional” e alerta para "uma extrema carência de profissionais nos Serviços Farmacêuticos hospitalares de todo o país”.

O dirigente sindical espera que a situação seja invertida com a publicação da Residência Farmacêutica e conclusão do processo de regulamentação da Carreira Farmacêutica no Serviço Nacional de Saúde. "Há um diploma do Governo que está negociado desde março e que o prazo de discussão pública terminou agora, no dia 20, mas que é essencial que seja publicado ainda antes do fim desta legislatura. Trata-se do diploma de residência farmacêutica que legisla o modo como os farmacêuticos vão fazer a sua formação de especialidade para depois poderem ser contratados”, explicou.

Para o SNF, a conclusão deste processo legislativo é determinante e cada vez mais urgente, "para que ainda em 2020 possamos ter farmacêuticos a fazer a sua formação nas instituições de saúde e depois serem normalmente ser incorporados nas unidades que deles necessitam”, concluiu.

A visita do SNF ocorre após várias notícias vindas a público sobre constrangimentos na atividade dos Serviços Farmacêuticos do CHVNG/E. Em março, a Comissão de Saúde ouviu a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos e vários diretores de Serviços Farmacêuticos hospitalares para analisar a real situação das farmácias hospitalares (vídeo).

Entre estes responsáveis estava a diretora dos Serviços Farmacêuticos do CHVNG/E, Aida Baptista, entretanto demissionária, que denunciou e apresentou provas da degradação das condições de funcionamento dos Serviços Farmacêuticos, alertando também para o impacto na segurança dos tratamentos que são administrados aos doentes.

As preocupações manifestadas na altura pelos deputados da referida Comissão ficaram materializadas nos projetos de diploma entretanto apresentados pelos grupos parlamentares do BE, CDS-PP, PSD e PCP (e aprovados na generalidade no início de julho), recomendando, todos eles, um reforço do investimento nas farmácias hospitalares.