Compreendendo a importância de capacitar os farmacêuticos e estudantes do mestrado integrado em ciências farmacêuticas sobre a temática, a Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas (SRSRA) e a Associação dos Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL) organizaram, nos dias 14 e 15 de maio, um webinar dedicado ao tema “Uso Seguro e Responsável de Canábis para fins medicinais”, e que contou com a presença de cerca de 400 participantes em cada dia.
O primeiro dia teve participação do Dr. Bruno Fonseca, investigador na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, o Eng.º Aldo Vidinha, fundador e CEO de uma produtora portuguesa licenciada de canábis medicinal e o Prof. Doutor Helder Mota Filipe, especialista em Assuntos Regulamentares. Estes oradores, presentearam a iniciativa com intervenções dedicadas à utilização terapêutica da canábis, a produção desta para fins medicinais em Portugal, incluindo boas práticas de produção, e ainda noções sobre o enquadramento legal e regulamentar a nível nacional.
O
dia 15 de maio foi dedicado a uma
sessão de debate, moderada pelo
Prof. Doutor Rui Loureiro, Especialista em Indústria Farmacêutica e docente da FFUL. Esta
sessão contou ainda com três intervenientes, que discutiram a perspetiva
clínica e prática da utilização do Sativex®, bem como as potencialidades da
canábis para fins medicinais. Foram eles, o
Eng.º Alexandre Guedes da Silva,
Presidente da
Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), o
Dr. Carlos Capela, médico especialista em Neurologia e diferenciado na área de
Esclerose Múltipla e a
Drª Carla Arriegas, especialista em Farmácia
Hospitalar e responsável pela área da neurologia no Hospital dos Capuchos do Centro Hospitalar Lisboa Central.
Resultou
desta iniciativa a conclusão de que é necessário promover estudos clínicos, por
forma a robustecer a evidência, atualmente disponível na maioria das áreas
terapêuticas. E, nesse sentido, a evitar o acesso a estes produtos através de
vias não autorizadas, para as quais a eficácia, qualidade e segurança não são
avaliados e monitorizados, havendo a possibilidade de trazer riscos para a
saúde. Os presentes foram ainda concordantes de que, é necessário promover a
acessibilidade das pessoas com doença a estas terapêuticas, independentemente
do centro hospitalar onde estão inseridas. A comparticipação destas
terapêuticas deve ser considerada, evitando alocar aos hospitais a responsabilidade
de manter ou não as terapêuticas nos seus doentes. A sua utilização em casos ou
situações devidamente indicadas, e cuja eficácia está comprovada, é altamente
desejável dado os ganhos em saúde e qualidade de vida.
A intervenção do farmacêutico – tanto em contexto hospitalar e farmácia
comunitária – é essencial, dado prognóstico do setor para esta área, que se
espera que venha a crescer e integrar o dia-a-dia das pessoas com doença,
profissionais de saúde e do próprio sistema de saúde.