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As formulações de metilfenidato de libertação prolongada são intercambiáveis?

  • Breves Questões Terapêuticas
25 Março 2024
As formulações de metilfenidato de libertação prolongada são intercambiáveis?
 

- As formulações de metilfenidato de libertação prolongada apresentam perfis de libertação diferentes.

    -  O intercâmbio entre formulações deverá ser realizado com cautela, pois pode afetar o controlo dos sintomas do doente.

    - É fundamental informar o utente sobre as possíveis variações que possam ocorrer na gestão dos sintomas e potenciais efeitos secundários.


      O metilfenidato é um fármaco estimulante do sistema nervoso central,1-3 utilizado como parte integrante do tratamento da Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) em crianças com idade igual ou superior a 6 anos, e em adultos.2-4

      Atualmente, existem disponíveis em Portugal diversas formulações de metilfenidato de libertação prolongada, nomeadamente sob a forma de comprimidos e cápsulas.2,3 Estas são constituídas por um componente de libertação imediata e por um componente de libertação modificada, o que permite que ocorra a libertação do fármaco em duas fases1,4-6 possibilitando um início de ação rápido, seguido de uma libertação prolongada do fármaco, obviando a necessidade de tomas adicionais durante o dia para a manutenção dos seus efeitos terapêuticos.4,6

      Todavia, os perfis de libertação bifásica das diferentes formulações de libertação prolongada não são todos equivalentes entre si, uma vez que as diferentes marcas comercializadas contêm proporções diferentes dos componentes de libertação imediata e de libertação modificada, o que pode resultar em efeitos clínicos diferentes para o doente.1,4-6 Apesar de o seu início de ação ser semelhante em todos os produtos, proporcionando uma concentração inicial máxima do fármaco cerca de 1 a 2 horas após a sua administração,2,3,5,6 o momento do segundo pico, relacionado com o componente de libertação modificada, e a duração de ação variam entre formulações.1-3,5

      A título de exemplo, nas formulações de comprimidos de libertação prolongada do medicamento da marca Concerta®, o metilfenidato contido nas camadas internas do medicamento é gradualmente libertado ao longo das horas seguintes, após o primeiro pico, sendo as concentrações plasmáticas máximas obtidas ao fim de cerca de 6 a 8 horas,2,5,6 após as quais os níveis plasmáticos de metilfenidato diminuem gradualmente. Esta formulação apresenta uma duração total de ação de cerca de 12 horas.2,5,6 Por outro lado, o medicamento Ritalina LA®, cápsulas de libertação modificada, exibe um perfil plasmático de concentração-tempo bimodal, com dois picos distintos com um intervalo aproximado de 4 horas entre eles,3,5,6 tendo uma duração total de ação de cerca de 8 horas.5

      Os diferentes perfis temporais de ação fornecidos pelas formulações de metilfenidato permitem ao clínico selecionar a formulação que atue nos intervalos específicos do dia que sejam particularmente relevantes para o utente, otimizando a individualização do tratamento da PHDA,4-6 pelo que a mudança para outra formulação pode resultar em alterações na gestão dos sintomas em períodos cruciais do dia.1,4

      Poderão existir situações em que seja estritamente necessário alterar a formulação como, por exemplo, devido a uma rutura de um medicamento ou ineficácia no controlo dos sintomas.5 É fundamental que os profissionais de saúde estejam alertados para estas diferenças, devendo a escolha do medicamento ser feita após uma cuidadosa avaliação individual, uma vez que, devido a estas diferenças, a alteração das preparações significa que a dose poderá ter de ser ajustada para evitar potenciais efeitos de sobredosagem ou subdosagem.1,4,6

      É ainda da máxima relevância, prestar um aconselhamento adequado ao utente, salientando os cuidados a ter na administração, possíveis alterações que possam ocorrem na gestão dos sintomas e potenciais efeitos secundários, e como proceder caso estes ocorram.1,5
      Alguns dos efeitos adversos mais comuns incluem, diminuição do apetite, insónia, alterações na pressão arterial e na frequência cardíaca.2,3,5 A monitorização contínua revela-se essencial para todos os doentes, com especial enfâse sempre que sejam realizadas alterações na medicação.5


      Referências bibliográficas:

      1. Use caution if switching between long-acting methylphenidate products due to formulation diferences. Medsafe: New Zealand Medicines and Medical Devices Safety Authority. Published: 2 March 2023. [acedido a 08-03-24].  Disponível em: https://www.medsafe.govt.nz/profs/PUArticles/March2023/Use-caution-if-switching-between-long-acting-methylphenidate-products.html
      2. Concerta 18 mg comprimidos de libertação prolongada. Resumo das Características do Medicamento (RCM). INFARMED. [acedido a 08-03-24]. Disponível em: https://extranet.infarmed.pt/INFOMED-fo/
      3. Ritalina LA 20 mg cápsulas de libertação modificada. Resumo das Características do Medicamento (RCM). INFARMED. [acedido a 08-03-24]. Disponível em: https://extranet.infarmed.pt/INFOMED-fo/
      4. Methylphenidate long-acting (modified-release) preparations: caution if switching between products due to differences in formulations. Medicines and Healthcare products Regulatory Agency. Published 26 September 2022. [acedido a 08-03-24].  Disponível em: https://www.gov.uk/drug-safety-update/methylphenidate-long-acting-modified-release-preparations-caution-if-switching-between-products-due-to-differences-in-formulations
      5. Considerations when prescribing modified-release methylphenidate. Specialist Pharmacist Service. Last updated 23 November 2023. [acedido a 08-03-24].  Disponível em: https://www.sps.nhs.uk/articles/considerations-when-prescribing-modified-release-methylphenidate/
      6. Coghill D, Banaschewski T, Zuddas A, Pelaz A, Gagliano A, Doepfner M. Long-acting methylphenidate formulations in the treatment of attention-deficit/hyperactivity disorder: a systematic review of head-to-head studies. BMC Psychiatry. 2013 Sep 27;13:237. doi: 10.1186/1471-244X-13-237.