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É recomendável o uso de antipiréticos em alternância em pediatria?

  • Breves Questões Terapêuticas
29 Junho 2023
É recomendável o uso de antipiréticos em alternância em pediatria?


 
  • Não há evidência suficiente para recomendar, por rotina, a administração alternada de antipiréticos em crianças com febre.
  • A alternância de antipiréticos tem um efeito adicional modesto na redução da temperatura, efeitos inconclusivos na redução do desconforto e aumenta o risco de erros de medicação.
  • A alternância entre paracetamol e ibuprofeno apenas deve ser considerada se o mal-estar da criança permanecer com a monoterapia.

A febre é um mecanismo fisiológico de defesa do hospedeiro contra as infeções e um dos sintomas mais comuns em crianças, geralmente associado a infeções virais autolimitadas.1 O objetivo primordial do tratamento da febre na criança é o alívio do mal-estar.2 

Com base na evidência de eficácia e segurança, o paracetamol e o ibuprofeno são os antipiréticos recomendados.1 O ibuprofeno pode ser ligeiramente mais eficaz e com maior duração de ação do que o paracetamol;l.3 contudo, o perfil de segurança leva a dar prioridade ao paracetamol.3,4 O ibuprofeno aparenta ser ligeiramente mais eficaz e com maior duração de ação;3 contudo, o paracetamol é preferido pelo seu perfil de segurança.3,4 

O tratamento da febre com um esquema alternado (administração de paracetamol e ibuprofeno em momentos diferentes)1 é uma prática frequente,1,2 recomendada em ocasiões pelos profissionais de saúde.2 No entanto, a maioria das normas de orientação clínica internacionais não recomendam esquemas antipiréticos alternados no controle da febre em crianças.1,3,5 Os resultados de vários estudos reforçam essas recomendações.1 Embora a alternância possa ser mais eficaz na redução da temperatura do que o uso de um dos fármacos isoladamente,1,3,6 não é claro se a redução é clinicamente significativa.3 Não há dados suficientes que mostrem superioridade deste tipo de terapêutica,2 especialmente em termos de redução do desconforto na criança,1,2,3,6 Pode ser mais confusa para os pais ou cuidadores pelas diferentes posologias, podendo induzir em erros na administração (por ex. dose insuficiente ou excessiva) e afetar a segurança.

Em resumo, as evidências não são suficientemente robustas para recomendar a alternância de antipiréticos na criança com febre,1,2,7 porque as pequenas melhorias observadas na redução da febre e mal-estar não são clinicamente relevantes,1,2 e pelo risco de erros de medicação resultantes da complexidade dos regimes e de possíveis efeitos adversos.

Não há necessidade, nem deve ser rotina, utilizar dois antipiréticos alternadamente.8 Algumas normas consideram que a alternância poderia ser considerada, apenas se o mal-estar da criança persistir ou recorrer antes da seguinte dose do antipirético.1,3 Caso a pessoa tenha recebido indicação para utilizar antipiréticos de forma alternada, será importante proporcionar aconselhamento adequado. As instruções de dosagem e os intervalos devem ser bem explicados,3,5 para minimizar o risco de erros ou de eventos adversos,5 salientando o objetivo principal de proporcionar conforto da criança.1


Referências bibliográficas

1. Trippella G, Ciarcià M, de Martino M, Chiappini E. Prescribing Controversies: An Updated Review and Meta-Analysis on Combined/Alternating Use of Ibuprofen and Paracetamol in Febrile Children. Front Pediatr. 2019 Jun 5; 7: 217. doi: 10.3389/fped.2019.00217.
2. Pauta alternante de antitérmicos en pediatria. Recomendación Essencial. [acedido a 3-03-23] Disponível em: https://essencialsalut.gencat.cat/web/.content/minisite/essencial/fitxes_cercador/2022/antitermicos_alternantes_pediatria_actualizacion_aquas2022.pdf
3. Fever in infants and children: Pathophysiology and management. UpToDate®, topic last updated: Jul 07, 2022.
4. Paracétamol ou ibuproféne chez les jeunes enfants. Rev Prescrire. 2022; 4(461): 2011-12.
5. Krinsky DL. et al. eds. Handbook of nonprescription drugs. An interactive approach to self-care. 20th ed.  Washington, American Pharmacists Association, 2021.  
6. Wong T, Stang AS, Ganshorn H, Hartling L, Maconochie IK, Thomsen AM, Johnson DW. Combined and alternating paracetamol and ibuprofen therapy for febrile children. Cochrane Database Syst Rev. 2013 Oct 30;2013(10):CD009572. doi: 10.1002/14651858.CD009572.pub2.
7. Doria M, Careddu D, Iorio R, Verrotti A, Chiappini E, Barbero GM, et al. Paracetamol and Ibuprofen in the Treatment of Fever and Acute Mild-Moderate Pain in Children: Italian Experts' Consensus Statements. Children (Basel). 2021 Sep 30;8(10):873. doi: 10.3390/children8100873.
8. Direção-Geral da Saúde. Processo assistencial integrado da febre de curta duração em idade pediátrica: norma nº 014/2018, de 03/08/2018. [acedido a 01-03-23] Disponível em: https://www.dgs.pt/ficheiros-de-upload-2013/norma-n-0142018-de-03082018-versao-resumida-pdf.aspx

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