A febre é um mecanismo fisiológico de defesa do hospedeiro contra as infeções e um dos sintomas mais comuns em crianças, geralmente associado a infeções virais autolimitadas.1 O objetivo primordial do tratamento da febre na criança é o alívio do mal-estar.2
Com base na evidência de eficácia e segurança, o paracetamol e o ibuprofeno são os antipiréticos recomendados.1 O ibuprofeno pode ser ligeiramente mais eficaz e com maior duração de ação do que o paracetamol;l.3 contudo, o perfil de segurança leva a dar prioridade ao paracetamol.3,4 O ibuprofeno aparenta ser ligeiramente mais eficaz e com maior duração de ação;3 contudo, o paracetamol é preferido pelo seu perfil de segurança.3,4
O tratamento da febre com um esquema alternado (administração de paracetamol e ibuprofeno em momentos diferentes)1 é uma prática frequente,1,2 recomendada em ocasiões pelos profissionais de saúde.2 No entanto, a maioria das normas de orientação clínica internacionais não recomendam esquemas antipiréticos alternados no controle da febre em crianças.1,3,5 Os resultados de vários estudos reforçam essas recomendações.1 Embora a alternância possa ser mais eficaz na redução da temperatura do que o uso de um dos fármacos isoladamente,1,3,6 não é claro se a redução é clinicamente significativa.3 Não há dados suficientes que mostrem superioridade deste tipo de terapêutica,2 especialmente em termos de redução do desconforto na criança,1,2,3,6 Pode ser mais confusa para os pais ou cuidadores pelas diferentes posologias, podendo induzir em erros na administração (por ex. dose insuficiente ou excessiva) e afetar a segurança.2
Em resumo, as evidências não são suficientemente robustas para recomendar a alternância de antipiréticos na criança com febre,1,2,7 porque as pequenas melhorias observadas na redução da febre e mal-estar não são clinicamente relevantes,1,2 e pelo risco de erros de medicação resultantes da complexidade dos regimes e de possíveis efeitos adversos.5
Não há necessidade, nem deve ser rotina, utilizar dois antipiréticos alternadamente.8 Algumas normas consideram que a alternância poderia ser considerada, apenas se o mal-estar da criança persistir ou recorrer antes da seguinte dose do antipirético.1,3 Caso a pessoa tenha recebido indicação para utilizar antipiréticos de forma alternada, será importante proporcionar aconselhamento adequado. As instruções de dosagem e os intervalos devem ser bem explicados,3,5 para minimizar o risco de erros ou de eventos adversos,5 salientando o objetivo principal de proporcionar conforto da criança.1
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