Uma cascata de prescrição consiste na introdução de um medicamento para tratar os sinais ou sintomas decorrentes dos efeitos adversos de outro. As cascatas de prescrição podem resultar em danos graves para os doentes. A identificação e a interrupção das cascatas de prescrição são importantes para melhorar a segurança dos medicamentos, particularmente em pessoas idosas.

As denominadas "cascatas de prescrição” ocorrem quando um novo medicamento é prescrito para tratar os sinais ou sintomas decorrentes de uma reação adversa a outro medicamento, que não é reconhecida como tal e que é erroneamente interpretada como uma nova condição que requer tratamento.^1-4 Consequentemente, o doente corre o risco de desenvolver eventos adversos adicionais relacionados com o novo medicamento.^2,4 Se estes forem também interpretados como outra nova condição, isso pode levar a pscrições adicionais.²

Embora não estejam identificados os fatores determinantes das cascatas de prescrição, são conhecidos os associados a um maior risco de reações adversas a medicamentos (RAM):¹ idade avançada, polimedicação, sexo feminino e a toma de alguns medicamentos com alto risco de RAM, como medicamentos cardiovasculares,^1,3,4 ou para o sistema nervoso central,³ anti-inflamatórios não esteroides (AINE), anticoagulantes e antibióticos.^1,3,4 Nos idosos o risco de cascatas de prescrição é maior, porque é mais provável que uma RAM que seja interpretada como o início de uma nova patologia. As cascatas de prescrição também podem ocorrer quando é antecipada uma RAM. Por exemplo, a prescrição de um inibidor da bomba de protões para reduzir as reações adversas gastrointestinais associadas a AINE.

Os doentes frequentemente não recebem informação sobre as potenciais RAM e não têm o conhecimento necessário para as identificar, ou não informam os profissionais de saúde quando experimentam uma. A falta de comunicação entre profissionais de saúde e doentes aumenta o risco. A existência de vários prestadores de cuidados pode contribuir para uma cascata de prescrição. São essenciais uma comunicação eficaz e a conciliação de toda a medicação. A interface entre os cuidados hospitalares e comunitários é uma área de risco.¹

Exemplos de cascatas:

- Prescrição de levodopa para controlar um distúrbio do movimento induzido por metoclopramida.^1,4

- Uso de inibidores da colinesterase e a posterior prescrição de anticolinérgicos para a incontinência urinária.⁴

- Início ou intensificação de terapêutica anti-hipertensora em doentes idosos que utilizam AINE.^1,5

- Prescrição de diurético para edema decorrente de bloqueadores dos canais de cálcio.⁶

Medidas preventivas:

- Iniciar os novos medicamentos em doses baixas, com aumento gradual da dose, para reduzir o risco de RAM.

- Considerar a possibilidade de quaisquer novos sintomas serem causados por uma RAM, particularmente se um medicamento foi recentemente iniciado ou a dose alterada.^1,3,4

- Questionar os doentes sobre o surgimento de novos sintomas,^1,3 especialmente se um medicamento foi recentemente iniciado ou se a dose mudou.³

- Proporcionar informação aos doentes que ajude a identificar possíveis RAM e como atuar quando ocorrem.^1,3,4

- Ter presente que os medicamentos não sujeitos a receita médica e os produtos naturais também podem causar efeitos colaterais e cascatas de prescrição.²

Quando se identifica uma cascata de prescrição, é importante ponderar a interrupção ou redução de dose do medicamento, bem como a existência de alternativas mais seguras para a situação clínica concreta.^2,5,6

Referências bibliográficas

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4. Robert L, Diego L. La cascada terapèutica. La prescripció encadenada que presenta un risco per al pacient. Circ. Farm. 2017 [acedido a 25-02-21]; 75 (3):  23-25.

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5. Rochon PA, Gurwitz JH. The prescribing cascade revisited. Lancet. 2017 May 6; 389(10081): 1778-1780. doi: 10.1016/S0140-6736(17)31188-1.

6. Sternberg SA, Guy-Alfandary S, Rochon PA. Prescribing cascades in older adults. CMAJ February 08, 2021 193 (6) E215; DOI:

https://doi.org/10.1503/cmaj.201564