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Quais as implicações do uso concomitante de medicação anticolinérgica e de inibidores da acetilcolinesterase?
- Breves Questões Terapêuticas
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Os medicamentos com
propriedades anticolinérgicas (por ex., antiespasmódicos vesicais,
anti-histamínicos sedativos ou antidepressores tricíclicos) associam-se a
efeitos adversos no sistema nervoso periférico (boca seca, obstipação, retenção
urinária ou visão turva, entre outros) e central (delírio e déficit cognitivo).1
Quando associados, podem produzir respostas adversas significativas. A
intensidade dos efeitos adversos dependerá da carga anticolinérgica acumulada e
da função cognitiva basal, aumentando nas pessoas idosas, especialmente
suscetíveis.2 Em geral, os anticolinérgicos são fármacos
potencialmente inadequados neste grupo etário,1,3 especialmente na
presença de diagnóstico de demência,2-4 por aumentarem o risco de
deterioração cognitiva.1,2
No tratamento sintomático da doença de Alzheimer leve ou
moderada são utilizados inibidores da acetilcolinesterase (IACE) - donepezilo,
rivastigmina e galantamina.1 Medicamentos com propriedades
anticolinérgicas são prescritos para tratar comorbilidades associadas à
demência4 e, em ocasiões, para tratar alguns efeitos adversos
causados pelos IACE,2-4,6 como a incontinência urinária.3
Os IACE atuam bloqueando a enzima acetilcolinesterase,
inibindo a degradação da acetilcolina. Os fármacos anticolinérgicos inibem
competitivamente a ligação do neurotransmissor acetilcolina, reduzindo os seus
efeitos no sistema nervoso.4 Consequentemente,
as ações farmacológicas destes dois tipos de fármacos são opostas,3,4 podendo ocorrer redução da resposta farmacodinâmica de
um ou de ambos, quando prescritos concomitantemente.2,3,5 O uso
simultâneo pode reduzir a eficácia dos medicamentos para a demência, cujos
benefícios são modestos; por outro lado, favorece-se o aparecimento de efeitos
adversos anticolinérgicos,4,6 podendo agravar o declínio funcional e
cognitivo.4
Para melhorar sintomas
que podem ter origem em efeitos colaterais, deve-se ponderar também uma alteração ou o ajuste da
dose do medicamento, abordagem que pode eliminar
a necessidade de utilização do fármaco que iria interagir.2,3
Para melhorar a segurança e os resultados de saúde é sempre útil a revisão
da terapêutica.1 Em pessoas com doença de Alzheimer,
evitar fármacos com propriedades anticolinérgicas minimiza o risco de
comprometimento cognitivo ou de outros efeitos colaterais.2 Se existir tratamento simultâneo com um IACE e fármacos
anticolinérgicos, este deve ser monitorizado regularmente para detetar reduções
no efeito terapêutico.3
Referências bibliográficas
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https://www.saludcastillayleon.es/portalmedicamento/es/terapeutica/ojo-markov/antagonismo-farmacologico-anticolinergicos-farmacos-alzheim
2. Cholinergic–Anticholinergic Drug Interactions. Pharmacy Times. 2005; august. [acedido a 05-07-22]. Disponível em:
http://www.hanstenandhorn.com/hh-article08-05.pdf
3. Prácticas seguras con medicamentos de uso crónico II. Boletín de información terapéutica del Servicio Gallego de Salud. 2018 [acedido a 28-06-22]; Disponível em:
https://libraria.xunta.gal/sites/default/files/downloads/publicacion/practicas_seguras_con_medicamentos_de_uso_cronico._boletin_02_2018_g.pdf
4. Choosing Wisely. Don’t use anticholinergic medications concomitantly with cholinesterase inhibitors in patients with dementia. American Society of Consultant Pharmacists. Released May 17, 2021 [acedido a 28-06-22]. Disponível em:
https://www.choosingwisely.org/clinician-lists/ascp4-dont-use-anticholinergic-medications-concomitantly-with-cholinesterase-inhibitors-in-patients-with-dementia/
5. Reeve E,
Farrell B, Thompson W, Herrmann N, Sketris I, Magin P, et al.
Evidence-based Clinical Practice Guideline for Deprescribing Cholinesterase
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[acedido a 05-07-22]. Disponível em:
http://sydney.edu.au/medicine/cdpc/resources/deprescribingguidelines.php
6. Carga anticolinérgica: recomendaciones. Boletín Terapéutico Andaluz. 2021 [acedido a 05-07-22] Disponível em:
https://www.cadime.es/images/documentos_archivos_web/BTA/2021/CADIME_BTA_2021_36_02.pdf
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