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Suplementos alimentares e produtos à base de plantas – o que devo saber?

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28 Novembro 2023
Suplementos alimentares e produtos à base de plantas – o que devo saber?

Os suplementos alimentares, que incluem os produtos à base de plantas, são considerados géneros alimentícios. Podem conter nutrientes, como vitaminas e minerais, plantas ou preparações à base de plantas, ingredientes tradicionais ou outras substâncias com efeitos nutricionais ou fisiológicos.

O seu uso destina-se a garantir a ingestão adequada de nutrientes ou a suprir carências nutricionais. Apesar de se apresentarem em formas idênticas aos medicamentos, como p. ex. comprimidos, cápsulas, soluções orais ou pó, não são medicamentos nem os podem substituir, pois não se destinam a tratar ou prevenir doenças. Não obstante, os suplementos podem conter substâncias que também são utilizadas em medicamentos; porém, as doses incluídas nos suplementos são geralmente inferiores às contidas nos medicamentos.

Existem preparações à base de plantas que são consideradas medicamentos, sujeitas a registo e autorização por parte da autoridade nacional do medicamento – Infarmed.

Alguns produtos podem suscitar dúvidas quanto ao modo como devem ser classificados, sendo denominados produtos fronteira. Nestes casos, é também consultado o Infarmed.

Como é que os suplementos alimentares são aprovados?

Em Portugal, o organismo responsável pela comercialização dos suplementos alimentares é a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV). Estes produtos não estão sujeitos a um processo de avaliação da eficácia e segurança como acontece com os medicamentos. Uma empresa que pretenda comercializar um suplemento alimentar apenas necessita de notificar a DGAV da intenção de o colocar no mercado e remeter cópia da informação contida na embalagem ou no rótulo. É a empresa que tem de assegurar que não existem impedimentos à utilização das substâncias incluídas e garantir que o produto é seguro. O processo é igual para todos os suplementos, quer sejam comercializados em supermercados, ervanárias, farmácias ou online.

Quais os potenciais riscos destes produtos?

Este tipo de produtos é muitas vezes apelidado de produtos naturais. Este termo pode transmitir a ideia de que estes produtos são inócuos e isentos de riscos, o que não é o caso.

As substâncias presentes nos produtos à base de plantas podem ter efeitos sobre o organismo. Existem vários medicamentos que contêm substâncias ativas originalmente extraídas de plantas – o ácido acetilsalicílico, vulgarmente conhecido como Aspirina®, a digoxina, utilizada no tratamento de arritmias, e fármacos utilizados no tratamento de cancros são apenas alguns exemplos.

Além dos seus possíveis efeitos sobre o funcionamento do organismo, os produtos à base de plantas podem também causar efeitos adversos e interferir com o efeito de alguns medicamentos. Adicionalmente, suplementos adquiridos online podem não ter sido produzidos de acordo com padrões de qualidade que garantam a sua segurança, podendo estar contaminados com substâncias prejudiciais.

Como é que suplementos e produtos à base de plantas podem interagir com os meus medicamentos?

As substâncias presentes nos suplementos podem interferir com os medicamentos, tanto os que necessitam de receita médica, como os que podem ser aconselhados pelo farmacêutico. Estas interações podem manifestar-se de diferentes modos.

Em alguns casos, a toma de suplementos pode causar um aumento do efeito dos medicamentos, com risco de efeitos excessivos ou de aumento dos efeitos adversos. Um exemplo é o caso de alguns medicamentos anticoagulantes, cujo efeito pode ser aumentado pela ingestão de alguns suplementos ou produtos à base de plantas, o que causa maior risco de hemorragias.

Noutros casos, pode ocorrer uma diminuição do efeito dos medicamentos, não se obtendo o efeito benéfico que seria expectável. Isto pode ocorrer com medicamentos utilizados para várias situações, como antidiabéticos, antidepressores, contracetivos orais, antivíricos utilizados no tratamento da infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH), entre vários outros.

Estas interações podem ser particularmente importantes em algumas situações específicas:

      • Em pessoas que tomem medicamentos denominados de margem terapêutica estreita. Nestes medicamentos, existe uma diferença pequena entre o nível eficaz e seguro no organismo e níveis ineficazes ou níveis que possam causar toxicidade. Por isso, qualquer interação pode ter consequências ainda mais sérias.
      • Em indivíduos que vão ser submetidos a uma cirurgia, já que alguns suplementos podem interagir com medicamentos utilizados durante o procedimento, ou aumentar o risco de complicações. 
      • Em pessoas a fazer tratamento contra o cancro, uma vez que as interações podem ser particularmente sérias nesta situação, pois podem diminuir a eficácia dos medicamentos, ou aumentar a toxicidade dos tratamentos.

Como posso saber se estes produtos são adequados para mim?

Na maioria das circunstâncias, todos os nutrientes necessários ao organismo são fornecidos mediante uma alimentação variada e equilibrada, não sendo necessária suplementação. O aporte adicional de nutrientes, como vitaminas e minerais, através do uso de suplementos alimentares, pode ser adequado em certas situações em que existam necessidades específicas – crianças, pessoas idosas, ou grávidas. Contudo, o seu uso deve ser feito sob orientação de um profissional de saúde.

Muitos produtos à base de plantas são usados tradicionalmente há muitos anos. Ainda assim, o aconselhamento de um profissional de saúde é fundamental para garantir o uso seguro, pois podem não ser apropriados em algumas pessoas ou contextos específicos, como é o uso de certos medicamentos.

Informe sempre o seu médico e o seu farmacêutico caso esteja a tomar algum suplemento alimentar ou produto à base de plantas.

Caso pretenda começar a utilizar algum destes produtos, o seu farmacêutico poderá ajudá-lo a decidir que produtos são adequados e seguros para a sua situação.

Em Portugal existe uma entidade que se dedica especificamente a estudar e divulgar as interações Planta-Medicamento que ocorrem no nosso país.

O Observatório de Interações Planta-Medicamento tem como objetivos divulgar interações já descritas e alertar para interações potenciais, bem como informar os cidadãos sobre este tema, de modo que estejam precavidos e evitem situações de risco.


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