Ana Paula Martins, bastonária da Ordem dos Farmacêuticos (OF) entre 2016 e 2021, é a nova ministra da Saúde do XXIV Governo Constitucional. A primeira farmacêutica a assumir um cargo governativo na área da Saúde. Antes disso, apenas o bastonário da OF entre 1980 e 1983, Alberto Ralha, tinha assumido a Secretaria de Estado do Ensino Superior, no VIII e XI Governos Constitucionais.

Assume a pasta da Saúde depois de ter sido eleita deputada à Assembleia da República, eleita pelo círculo eleitoral de Lisboa, onde ocupava o terceiro lugar da lista da Aliança Democrática. Está, por isso, entre os 16 deputados eleitos substituídos por terem sido chamados a exercer funções governativas.

O bastonário, Helder Mota Filipe, sublinhou a satisfação e orgulho da classe na nomeação da sua antecessora para o cargo de ministra da Saúde, admitindo também naturais expetativas para resolução de alguns problemas que afetam a profissão há vários anos.

Além de conhecer profundamente os problemas e os contributos que a profissão farmacêutica pode dar para a qualidade e sustentabilidade do sistema de saúde, o bastonário destacou a experiência na gestão do maior hospital do país, que lhe deu conhecimento profundo sobre a origem de muitos problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e do seu funcionamento.

O novo Governo inicia funções num momento difícil para o país em diversas áreas, nomeadamente na Saúde, com degradação dos serviços, dificuldade de acesso por parte dos utentes e com um processo de reorganização da estrutura do SNS em curso. Esta degradação tem-se verificado de forma mais significativa e preocupante nos serviços farmacêuticos hospitalares, em termos materiais, mas, principalmente, no que se refere às condições do exercício profissional dos farmacêuticos.

"Espero da ministra da Saúde uma atenção particular para este problema que põe em risco o bom funcionamento dos cuidados hospitalares. É fundamental que os farmacêuticos do SNS vejam a sua função valorizada, relativamente à progressão na carreira e aos níveis remuneratórios, quer em termos absolutos quer em comparação com outras carreiras do SNS", destacou o bastonário.

Os farmacêuticos têm demonstrado ser parte da solução relativamente às dificuldades enfrentadas pelo SNS e estão dispostos a aprofundar essa colaboração com o Ministério da Saúde. Com a contribuição dos farmacêuticos é possível tornar um SNS mais sustentável, assente numa adequada gestão dos seus recursos humanos, materiais e financeiros, capaz de potenciar o envolvimento e a integração de toda a capacidade instalada no País.

Ana Paula Martins será coadjuvada no Ministério da Saúde pelas secretárias de Estado da Saúde, Ana Povo, e da Gestão da Saúde, Cristina Vaz Tomé.

A nova secretária de Estado da Saúde é médica assistente hospitalar graduada de cirurgia geral no Centro Hospitalar e Universitário do Porto (CHUP). Foi membro do Conselho Disciplinar da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos e diretora do consórcio entre o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e Centro Hospitalar e Universitário de Santo António (CHUSA) para formação do Centro Académico Clínico ICBAS-CHSA.

A secretária de Estado da Gestão da Saúde é engenheira de gestão industrial, professora convidada da Católica Lisbon School of Economics e coordenadora do Conselho Estratégico Nacional do PSD para a área da Economia e Empresas. Foi vice-presidente do Instituto de Investigação Científica Tropical, administradora da RTP e do Grupo Impresa e consultora da Euronews.