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Interações entre medicamentos e alimentos

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22 Novembro 2023
Interações entre medicamentos e alimentos

A presença de alimentos no trato digestivo pode influenciar o efeito de medicamentos administrados por via oral. As interações entre medicamentos e alimentos ocorrem quando o alimento e o medicamento interferem um com o outro. Em alguns casos, a ingestão ou não de certos alimentos simultaneamente com um medicamento pode alterar a resposta do organismo e a sua ação terapêutica.

Os alimentos podem afetar o comportamento de um medicamento (interações alimento ─ medicamento). Em muitos casos estas interações ocorrem durante o processo de absorção e/ou de transformação do medicamento, podendo alterar o tempo que o medicamento permanece no organismo.  Os alimentos fazem com que o corpo absorva ou elimine o medicamento mais devagar ou mais rapidamente do que o normal. O resultado pode ser o aparecimento ou aumento de efeitos adversos do medicamento, ou alterações na resposta farmacológica esperada, com diminuição da sua eficácia. Devido à presença de alimentos, o medicamento pode não surtir o efeito esperado.

Por outra parte, há medicamentos que podem impedir a absorção de alguns dos nutrientes dos alimentos (interações medicamento ─ alimento). Por exemplo, o uso continuado de laxantes pode impedir a absorção de algumas vitaminas.

Estas interações podem acontecer tanto com medicamentos prescritos pelo médico, como com medicamentos que não necessitam de receita médica.

Em que casos são mais importantes estas interações?

Em muitos casos, o efeito das interações é pequeno e a eficácia do tratamento não é alterada.

Devem existir precauções especiais com medicamentos nos quais pequenas alterações na dose possam causar grandes modificações no seu efeito, ou com medicamentos que precisam manter níveis estáveis no sangue. O seu médico ou farmacêutico podem informá-lo se toma algum medicamento com estas caraterísticas e ceder-lhe informação adicional.

Deve existir também especial vigilância no caso de pessoas com doenças crónicas, ou nas mais idosas, que muitas vezes necessitam de tomar vários medicamentos. Além das interações com alimentos, os medicamentos também podem interagir entre si.

Por vezes, algumas interações de medicamentos com alimentos podem ser benéficas, pois reduzem os efeitos adversos ou aumentam a eficácia do medicamento.

Devo tomar os meus medicamentos com ou sem alimentos?

A possibilidade de tomar os seus medicamentos com ou sem alimentos depende do tipo de medicamento que se encontra a tomar, não sendo possível, deste modo, estabelecer uma regra geral para todos os medicamentos. Cada caso deve ser avaliado individualmente.

É fundamental conhecer a forma correta de tomar o medicamento, a fim de obter o efeito terapêutico desejado. O folheto informativo dos medicamentos fornece informação neste sentido, indicando se a toma deve, ou não, ser acompanhada de alimentos.


Alguns medicamentos devem ser tomados com alimentos; a indicação "tomar com as refeições” quer dizer durante ou imediatamente após a ingestão de alimentos. Esta opção pode ser devida a diferentes motivos, nomeadamente:

      • Reduzir o risco de potenciais reações adversas (irritação do estômago, náuseas e vómitos);
      • Tratar problemas como a azia e indigestão;
      • Auxiliar o organismo a digerir a refeição;
      • Favorecer a absorção do medicamento, aumentando a sua eficácia.

Alguns exemplos de medicamentos que devem ser tomados com alimentos incluem:

      • Os medicamentos anti-inflamatórios, usados no alívio da dor, como o ácido acetilsalicílico, o ibuprofeno, e o naproxeno, devem ser tomados com alimentos para proteger o estômago dos efeitos irritativos destes fármacos. O mesmo acontece com os corticosteroides.
      • O alopurinol, medicamento usado no tratamento da gota, deve ser tomado após as refeições para reduzir o risco de efeitos indesejáveis, como náuseas e vómitos.
      • Os antiácidos, salvo algumas exceções, devem ser tomados com alimentos, já que é durante/após as refeições que os sintomas de azia tendem a surgir.
      • Determinados antifúngicos, como a suspensão oral de nistatina, devem ser tomados após as refeições para que o medicamento possa ser mantido o máximo de tempo possível na boca e para que não seja eliminado antes de exercer o efeito pretendido.
      • Certos medicamentos usados do tratamento da infeção pelo vírus da imunodeficiência humana, como o ritonavir, devem ser tomados após uma refeição para assegurar uma absorção adequada.


Por outro lado, alguns medicamentos devem ser tomados com o estômago vazio; a indicação "tomar em jejum" ou "tomar com o estômago vazio” implica que o medicamento seja tomado pelo menos 1 hora antes da ingestão de alimentos, ou 2 horas depois. Esta recomendação é importante quando a absorção do medicamento é afetada pela presença de alimentos e se pretende favorecê-la, para assegurar a eficácia do tratamento.


Alguns exemplos de medicamentos que devem ser tomados com o estômago vazio incluem:

      • Alguns antibióticos, como a flucloxacilina, devem ser tomados com o estômago vazio para que exerçam o efeito esperado. Outro exemplo são as fluoroquinolonas, como a ciprofloxacina, cuja absorção é reduzida se forem tomadas com lacticínios.
      • A toma de sais de ferro deve ser feita em jejum, idealmente com água ou com uma bebida ligeiramente ácida, já que a sua absorção é diminuída por certos alimentos como vegetais, leite, café e chá.
      • A levotiroxina, utilizada no tratamento de algumas doenças da tiroide, deve ser tomada com o estômago vazio para otimizar a sua absorção, o que melhora a eficácia do tratamento.
      • A maioria dos inibidores da bomba de protões, como o omeprazol, deve ser tomada antes das refeições, geralmente do pequeno-almoço, de forma que sejam absorvidos e previnam a secreção de ácido antes da ingestão de alimentos.
      • Os bifosfonatos, como o alendronato, usados no tratamento da osteoporose, devem ser tomados entre 30 minutos a 1 hora antes das refeições, para potenciar a sua absorção.


É importante salientar que os exemplos referidos não são exaustivos e podem até existir variações entre fármacos da mesma classe. 

Note ainda que as refeições nem sempre condicionam a toma de medicamentos. Para alguns destes, é indiferente tomá-los com ou sem alimentos; contudo, o momento da refeição pode ajudá-lo a lembrar-se de quais os medicamentos que tem de tomar e a cumprir o horário da toma.

Como minimizar o risco de interações entre medicamentos e alimentos?

      • Tome os medicamentos de acordo com as instruções recebidas pelo seu médico ou farmacêutico e leia atentamente o folheto informativo que acompanha o medicamento. Este inclui informações importantes sobre possíveis interações com os alimentos e também sobre como tomar o medicamento.
      • Pergunte ao seu farmacêutico se há alguma interação com alimentos que deva conhecer, especialmente ao iniciar a toma de um novo medicamento.
      • Se apresenta alguma intolerância ou alergia a alimentos, segue alguma dieta concreta ou toma suplementos alimentares, deve sempre falar com um profissional de saúde.
      • O álcool interage com muitos medicamentos. Deve ser evitado o consumo de bebidas alcoólicas com a toma de medicamentos.


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