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Medicamentos calmantes e para a insónia – Benzodiazepinas

  • cidadão-uso-responsável
05 Março 2024
Medicamentos calmantes e para a insónia – Benzodiazepinas

Os medicamentos utilizados para tratar situações de ansiedade, ou para a dificuldade em dormir, pertencem, na sua maioria, a um grupo chamado benzodiazepinas (BZD).
As BZD têm o efeito de diminuir a transmissão de impulsos elétricos a nível cerebral, diminuindo a sua atividade. Algumas BZD têm um efeito de curta duração, enquanto outras têm um efeito intermédio ou prolongado. Nem todas são utilizadas como calmantes ou para promover o sono; algumas estão indicadas noutras situações como, p. ex. o tratamento da epilepsia. As BZD são medicamentos sujeitos a receita médica, qualquer que seja a situação a tratar.

O uso das BZD para alívio de sintomas de ansiedade ou insónia é adequado e seguro por períodos curtos, geralmente de 4 semanas e no máximo até 12 semanas. Contudo, muitas vezes o seu uso estende-se por períodos demasiado longos. A toma a longo prazo, para estas indicações, é inadequada, podendo ter consequências indesejáveis e que prejudicam a saúde dos utilizadores. A ingestão de bebidas alcoólicas, ou a toma de outros medicamentos que causem sonolência durante o tratamento com BZD é especialmente perigosa, pois aumenta o risco de efeitos indesejáveis graves e de acidentes, em resultado da diminuição da capacidade de conduzir veículos, ou operar máquinas.

Quais são as possíveis consequências do uso prolongado de BZD?

O organismo vai, progressivamente, desenvolvendo tolerância ao efeito das BZD. Isto significa que as doses iniciais vão perdendo a sua eficácia e que, ao longo do tempo, serão necessárias doses mais elevadas para obter o mesmo benefício.
A habituação do organismo à toma prolongada das BZD origina dependência física. Neste caso, a interrupção brusca do tratamento provoca sintomas de abstinência. Estes sintomas podem dificultar a paragem definitiva do tratamento.
O uso a longo prazo pode ainda aumentar o risco de efeitos adversos, entre os quais se incluem problemas de memória, confusão, sonolência, fadiga, que podem dificultar tarefas como conduzir veículos, e alterações da coordenação e do equilíbrio, com aumento do risco de quedas. Estes efeitos podem ser especialmente problemáticos em pessoas idosas.

Quais são os sintomas de abstinência às BZD?

Os sintomas comuns são de diferentes tipos, com manifestações físicas e psicológicas. Podem variar de pessoa para pessoa e dependem também da BZD que se esteja a tomar. As BZD com duração de ação mais curta, como as que se utilizam para promover o sono, tendem a causar sintomas mais acentuados.

Alguns dos possíveis sintomas de abstinência após uso prolongado de BZD incluem:

      • Tremores, dores ou espasmos musculares
      • Fadiga, dores de cabeça e tonturas
      • Náuseas, vómitos, dores de estômago e alterações intestinais
      • Gosto metálico na boca
      • Palpitações
      • Transpiração excessiva
      • Sensação de ansiedade e inquietação
      • Irritabilidade, mudanças de humor ou sentir-se deprimido
      • Ataques de pânico
      • Problemas de memória e confusão
      • Perturbações do sono, sonhos vívidos e pesadelos
      • Sensibilidade à luz e/ou ao som e alterações visuais
      • Convulsões

Qual o benefício de parar o uso prolongado de uma BZD?

A paragem das BZD melhora a memória, a capacidade de concentração e a agilidade mental, o tempo de reação e a capacidade de funcionar no dia a dia. Reduz também o risco de acidentes, quedas, fraturas e lesões. De uma forma geral, parar a toma prolongada de BZD melhora a qualidade de vida.

Como parar a toma prolongada de BZD de forma segura?

A paragem de um tratamento de longa duração com BZD é um processo por vezes moroso e difícil, que pode decorrer durante semanas, ou meses. Pode ser necessária uma estratégia individualizada de redução gradual das doses, uma vez que algumas pessoas conseguem parar a toma de modo mais rápido do que outras. O apoio do médico e do farmacêutico vão ser fundamentais para a seleção e implementação do esquema de redução de doses mais adequado.

Alguns aspetos importantes para que este processo seja bem-sucedido são:

      • Iniciar a redução da dose durante um período mais tranquilo, como durante as férias, em que existem menos compromissos profissionais e familiares, ou menos stress.
      • Não tentar parar a toma subitamente, a menos que indicado pelo médico. A redução gradual diminui o risco de sintomas de abstinência e aumenta a probabilidade de sucesso a longo prazo.
      • Resistir a aumentar a dose em períodos mais difíceis.
      • Manter um diário em que registe os progressos obtidos, o que poderá aumentar a autoconfiança e empenho para prosseguir.
      • Ter consciência de que parar a toma de BZD pode ser um processo muito desafiante; recorrer ao apoio e suporte de familiares, amigos ou grupos de autoajuda pode ser fundamental.  

Que outras medidas existem para gerir a ansiedade e a dificuldade em adormecer?

As BZD apenas proporcionam um alívio de curta duração, pois não tratam possíveis causas subjacentes a estas situações. Existem outro tipo de medidas, sem recurso a medicamentos, que podem ajudar a controlar sintomas de stress e ansiedade ou aliviar os problemas de sono. Incluem alterações ao estilo de vida, como a adoção de uma dieta saudável e a prática regular de exercício físico, técnicas de relaxamento, terapias psicológicas, como a terapia cognitiva comportamental, e medidas destinadas a promover hábitos adequados de sono, conhecidas como higiene do sonoO seu médico e o seu farmacêutico poderão proporcionar-lhe a orientação necessária.


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