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Compreender a Polimedicação

  • cidadão-uso-responsável
14 Março 2024
Compreender a Polimedicação

O que é a polimedicação?

A definição de polimedicação, também conhecida como polifarmácia, não é universal. Contudo, pode entender-se como a utilização simultânea de múltiplos medicamentos pela mesma pessoa (normalmente mais de cinco medicamentos), incluindo os medicamentos cuja dispensa não requer prescrição médica, os medicamentos sujeitos a prescrição e/ou os suplementos alimentares e produtos à base de plantas. Geralmente, as pessoas que tomam vários medicamentos apresentam mais do que uma condição clínica e/ou condições clínicas complexas.

Porque é que posso ter de tomar vários medicamentos?

A toma de vários medicamentos tanto pode estar associada a uma única doença, como ao tratamento ou redução do risco de vários problemas de saúde. A título de exemplo, em doentes que já sofreram um enfarte, a prevenção da sua recorrência pode requerer a toma de quatro medicamentos diferentes. Também os doentes com hipertensão arterial poderão ter de tomar vários medicamentos (dois ou mais) para o controlo desta doença.

Assim, existem casos em que são realmente necessários vários medicamentos para tratar a sua condição e, por sua vez, evitar hospitalizações e promover a longevidade. Nestes casos, fala-se em polimedicação adequada e esta verifica-se quando:

      • Todos os medicamentos são prescritos para um objetivo terapêutico específico e de acordo com evidência científica concreta;
      • Os objetivos terapêuticos estão a ser alcançados, ou existem perspetivas de serem alcançados futuramente;
      • A terapêutica foi otimizada de modo a minimizar o risco de reações adversas.

Apesar de a polimedicação aumentar a probabilidade de ocorrerem efeitos adversos, com impacto nos resultados e gastos em saúde, é importante salientar que existem doentes para os quais a polimedicação é essencial para controlar a sua condição clínica.

A polimedicação tem riscos?

A toma de um número elevado de medicamentos requer um maior cuidado com o seu uso. As pessoas que tomam múltiplos medicamentos estão mais propensas a desenvolver reações adversas e interações medicamentosas, o que pode ter impacto na sua qualidade de vida.  Adicionalmente, o uso de vários medicamentos pode causar dificuldades em gerir o horário das tomas, o que pode resultar em falhas no cumprimento dos tratamentos.  

Particularmente nos idosos, existe ainda risco para alterações do estado mental, predisposição para quedas e mau estado nutricional.

Estes riscos apresentam especial relevância quando a polimedicação é inadequada, ou seja, quando um ou mais medicamentos são prescritos de forma incorreta ou desnecessária, por alguma das seguintes razões:

      • Não existe indicação para o seu uso, ou a dose é desnecessariamente alta;
      • Não é possível atingir os objetivos terapêuticos a que se os medicamentos se destinam;
      • Um ou vários medicamentos causam reações adversas, ou predispõem o doente para a sua ocorrência.

Assim, pode ser necessário proceder à desprescrição, ou seja, à redução gradual ou à suspensão do(s) medicamento(s) sem indicação, em dose inadequada e/ou que estejam a ser prejudiciais, promovendo um regime terapêutico seguro e eficaz, que inclua apenas os medicamentos apropriados e direcionados para o controlo da(s) doença(s) em causa.

A otimização da terapêutica torna-se assim imprescindível. O seu farmacêutico desempenha um papel crucial neste âmbito e pode prestar-lhe informações úteis quanto à importância da toma correta de cada medicamento, às possíveis interações com medicamentos que não requerem receita médica e outros produtos de saúde (como suplementos alimentares e produtos à base de plantas), às reações adversas associadas aos medicamentos que toma e à necessidade de procurar ajuda de outros profissionais de saúde quando a situação o justifica.

Quais são as pessoas mais vulneráveis aos riscos da polimedicação?

Apesar de ser transversal a qualquer faixa etária, caso existam doenças crónicas, a polimedicação verifica-se com maior frequência nos idosos.

Com o envelhecimento, existem alterações no funcionamento do organismo que podem aumentar o risco de desenvolver efeitos adversos. Por outro lado, há um maior risco de coexistirem diversas doenças crónicas, aumentando assim a probabilidade de ocorrer a prescrição de vários medicamentos.

Por isso, os doentes idosos tendem a ser mais suscetíveis. Além da idade, outros fatores de risco incluem:

Internamento hospitalar ou ter mais do que um médico prescritor. Caso não exista um registo, ou uma comunicação correta, um médico pode não saber o que outro médico lhe prescreveu.

Doença mental crónica. Os medicamentos usados em condições mentais têm efeitos adversos associados, os quais são, por vezes, colmatados com outros medicamentos. Problemas de saúde mental podem também estar associados à automedicação irresponsável. 

Permanência em lares. Os doentes residentes em lares são normalmente mais frágeis, apresentam várias doenças e, por vezes, algumas alterações cognitivas.

Como posso reduzir os riscos associados à polimedicação?

Os riscos associados à polimedicação podem ser minimizados através de algumas estratégias que o doente ou o seu cuidador devem adotar, nomeadamente:

      • Elabore uma lista com todos os medicamentos que toma, incluindo os medicamentos que lhe foram receitados, os medicamentos não sujeitos a receita médica, suplementos alimentares e produtos à base de plantas. Tenha duas cópias desta lista – uma que guarde consigo e outra em casa;
      • Aconselhe-se com o seu farmacêutico ou médico antes de iniciar qualquer medicamento não sujeito a receita médica, suplementos alimentares ou produtos à base de plantas;
      • Leia atentamente os folhetos informativos e tome os medicamentos exatamente como indicado ou prescrito. Em caso de dúvida, consulte o médico ou farmacêutico;
      • Em cada consulta com o seu médico, reveja os medicamentos que toma e esclareça as suas dúvidas sobre eventuais novos medicamentos prescritos;
      • Informe o seu médico ou farmacêutico caso experiencie efeitos adversos;
      • Mantenha os seus medicamentos organizados (pode ser útil recorrer a caixas organizadoras, disponíveis nas farmácias)  e conserve-os corretamente (saiba como aqui);
      • Se possível, adquira os seus medicamentos na mesma farmácia, para que seja mais fácil consultar o seu histórico de medicação. Em alternativa, disponibilize a sua lista de medicação ao farmacêutico;
      • Em caso de hospitalização, mencione todos os medicamentos, suplementos alimentares e produtos à base de plantas que toma e reveja com o seu médico ou farmacêutico os medicamentos prescritos aquando da alta.

Algumas farmácias dispõem do serviço de Preparação Individualizada da Medicação (PIM), o qual permite organizar os medicamentos sólidos tomados por via oral, promovendo a sua correta utilização. O seu farmacêutico pode ajudá-lo neste sentido, averiguando a adequação desta estratégia à sua medicação habitual.

Os farmacêuticos prestam ainda aconselhamento personalizado e especializado, com acompanhamento e revisão da sua medicação, algo fundamental para a correta gestão da sua condição e alcance de resultados clínicos pretendidos.


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